DeMoura



DeMoura é o nome literário de Mário Mendes de Moura, editor durante sessenta anos no Brasil ( Fundo de Cultura, Páginas, Vértice, etc.), em Espanha ( PluralSingular) e Portugal ( Pergaminho, Arte Plural, Bico de Pena e Vogais & Companhia). Em 2014 lança a sua mais recente editora, a 4 Estações.
A partir de 2013 dedica-se à escrita. "O Contador de Estórias" e o "Escultor de Almas", são os primeiros títulos publicados na coleção Estação Primavera e na 4 Estações Editora.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

27. A VOLTA DO FILHO PRÓDIGO

 27. A VOLTA DO FILHO PRÓDIGO
 Quando Marcelo Caetano assumiu o cargo de Presidente do Conselho do Estado Novo, estando ainda Salazar meio-vivo e pensando que ainda era ele quem ocupava esse cargo, houve muitas esperanças na melhoria da situação geral (política, económica e social) de Portugal. Eu fui um dos que me iludi. Ou não, apenas quis justificar para mim mesmo uma visita a Lisboa, apesar da minha jura (quando pisei o avião que me levava para Nova Iorque) de que não voltaria enquanto Salazar fosse vivo.
 Abril de 1970, já haviam passado vinte e dois anos que eu vivia fora de Portugal sem nunca ter voltado, sequer em visita. Vivia, então, no Brasil, mais propriamente no Rio de Janeiro. Convenci-me que seria uma boa ocasião para visitar a família, em especial o meu pai e a minha mãe, felizmente ainda vivos. E ainda os meus irmãos Rogério e Rui, com os quais tinha muita afinidade, assim como a minha irmã Isabel, a mais velha e de quem sempre gostara muito. E ainda havia ‘gente’ a conhecer, sobrinhos e outros familiares por afinidade. Claro que tinha muita curiosidade em rever a cidade em que vivi 24 anos e da qual guardava infinitas recordações com as mais diversas variantes.
 Resolvi viajar sem telefonar ou escrever a anunciar a vinda, pois não estava muito seguro de que a PIDE não me chatearia, o que provocaria preocupações aos meus familiares. Não foi sem alegria que passei pelos controlos da chegada (policiais e alfandegários), como se diz no Brasil, “numa boa”.
 Ao chegar aos táxis e apanhar um, falei com o condutor: “Por favor, Rua da Madalena (onde o Rogério instalava a Livros Horizonte), mas no caminho se não o transtorna dê uma paradinha na Versalhes.” Quando ele lá parou, entrei e pedi ‘uma bica e um queque’. Ao terminar gritei para mim mesmo “Estou em Lisboa!”.
 Para minha surpresa, o prédio da editora não tinha elevador e esta era num terceiro andar. Para mim era quase inconcebível aquela escada íngreme, de degraus pequenos, pelos quais arrastei uma mala de viagem estupidamente grande (até hoje, apesar das centenas de viagens internacionais, não sei viajar com malas pequenas, como manda o bom senso). Finalmente, arfando, toco na porta da editora e uma jovem atende e olha para mim perplexa, pelas roupas e pela mala, possivelmente até pela semelhança com o meu irmão. Quando perguntei por ele, destemidamente ela tentou impedir-me clamando “O Sr. Doutor Moura está em reunião.”. Entrei por ali adentro arrastando a mala e dirigindo-me para de onde ouvia a voz do Rogério. Indelicadamente, abri a porta e não sei o que soou primeiro, se foi um Rogério! ou um Mário! Abraçámo-nos sob o olhar espantado do Padre Felicidade Alves, que só para o conhecer teria justificado a viagem, vim a saber depois, ao conviver com ele.
 Alertado pelo telefone, chegou esbaforido o Rui, verdadeiramente comovido. Verdade que tanto um como o outro me visitaram no Rio, mais do que uma vez. De imediato instala-se uma ‘conferência’ para estabelecer a estratégia do ‘como’ aparecer em casa dos meus pais, sem o perigo de isso causar emoções perigosas, dada a surpresa e a idade deles. O Rui decidiu: “Vamos direto, não acontece nada!” E lá fomos os três e a incrível mala no carro italiano desportivo de que ele tanto se orgulhava.
 Felizmente, tanto a minha mãe como o meu pai não se emocionaram para além de ‘que surpresa’, ‘meu querido filho’, beijos, abraços, lágrimas e risos. Em breve, como que pela magia de um toque de clarim ‘a reunir’, vieram muitos outros parentes (que moravam maioritariamente em Campo de Ourique) e não tardou a ser uma balbúrdia geral. Alguém encomendou ou apanhou salgadinhos e bolos da tradicional ‘Tentadoura’ e a confraternização foi ampla e comovente.
 A folhas tantas, a minha mãe perguntou-me, com aquele tom mais perentório do que interrogativo que as mães sabem tão bem pronunciar: “Então, Mário, amanhã vais visitar os teus tios e tias?” “Não, mãezinha, não é isso que penso fazer, vou querer visitar Cabeda, quero ver como está, vou alugar um carro para ir lá!” A admiração da minha mãe não podia ser maior e logo: “Credo, que pressa em ires lá, se nem o teu tio António lá está há tanto tempo.” Logo os meus irmãos se prontificaram para irmos todos juntos, pois também não iam lá há mais de trinta anos, como eu. Para surpresa deles, e certamente pesar, falei que queria ir só. Logo o Rui me garantiu o carro dele para o dia seguinte (um Alpha, ele sempre teve a mania de carros desportivos). A festa prolongou-se, pois continuam a aparecer autoconvidados que queriam ver o ‘brasileiro’, como já me apelidavam.
 A minha família era muito numerosa e muito unida, boa parte vivendo em Campo de Ourique, outros noutros bairros, mas estavam sempre em contacto uns com os outros. Era uma espécie de tribo e quase todos viviam em Portugal. Assim, eu que me tresmalhara e vivia tão longe e durante tanto tempo fiquei quase como uma figura mítica, ausente, do qual sabiam uma ou outra coisa esporadicamente, e bem estranhas, pois tão depressa estava num país como noutro, estava casado com A ou com B, tinha mais filhos, aqui e ali apareciam notícias sobre as minhas edições e editoras, que também mudavam muito, os livros por mim editados com alguma presença nas livrarias portuguesas, vinham amigos meus do Brasil falar-lhes de mim, relatos contraditórios, etc., etc. Portanto,  era  inesperado e extraordinário eu estar ali, de carne e osso, cabeleira abundante, quase black power, bem bronzeado, roupas informais, espantando tantos sobrinhos que tinham nascido enquanto estava fora e não me conheciam.
Eu não era um extraterrestre, mas vinha de longe, de muito longe, de um país mítico, alguns nem me conheciam, outros tentavam encontrar as diferenças com a imagem do Mário da sua memória de há muito.
Na manhã seguinte não peguei o Alpha, aluguei um carocha (Volsksvagem 1300) amarelão e antes de partir estudei o roteiro num mapa que encontrei no porta-luvas do carro. Lá me orientei para apanhar a estrada nacional, e não esperava grandes alterações nela, pois pelo que vira Campo de Ourique era quase igual a quando lá morava. Nem a cor dos prédios mudara.
 Adoro conduzir, quanto maiores as distâncias, melhor, e quando ao volante sinto-me muito bem e consigo pensar muito. Naquele momento recordava como durante tantos anos imaginei esta tão simples viagem das mais variadas formas. Assim como quando a vida começou a sorrir-me no Brasil, e até mesmo antes, na Venezuela e no Canadá, quando irrealisticamente sonhava que iria enriquecer e realizar o meu sonho: chegar inopinadamente a Cabeda, dirigir-me ao filho do proprietário que se assenhorara da quinta formada pelo meu tio, ou mesmo ao pai dele, o verdadeiro proprietário (seria ainda?) e, como um novo-rico insolente, perguntar-lhe quanto queria pela quinta. E força-lo a vender-ma,  comprá-la por qualquer que fosse preço, e rápido.
 Sonho recorrente e com as mais diversificadas variantes, mas o certo é que me ajudavam a suportar a dura vida de emigrante que suportei nos primeiros cinco anos na Venezuela e no Canadá.
 O que ia fazer com a quinta? Bom, isso não era relevante, o importante era comprá-la, percorre-la devagar e saber que, finalmente, era minha. Lembro de na escola primária ler (no livro de leitura adotado) uma passagem de um romance de Júlio Dinis, creio, na qual um lavrador compra umas terras e quando, logo em seguida, as visita, teatralmente ajoelha-se para beijar a terra finalmente sua. Não era minha ideia imitar o tal lavrador, mas tecia os mais fantasiosos cenários, inclusive o de voltar de vez a Portugal (hipótese que nunca minimamente me atraiu depois de ter emigrado) e dedicar-me à exploração agrícola ou turística da saudosa quinta.
 Por vezes (tantas!), imaginava-me a passear por aqueles campos da quinta de Cabeda, a admirar os jogos da luz do Sol a varrer os trigais e as nuvens em constante transformação; a respirar cheiros tão diversos e tão conhecidos, como o das urtigas ou das azedinhas pisadas ou da seiva do trigo ao se lhe quebrar o caule e, ainda, da mordida num pêssego maduro; a ouvir sons familiares como o coaxar das rãs ou o arrolhar das rolas, ou da enxada a entrar fundo na dura terra, um ruído seco e cadenciado ou o longínquo chiar de um carro de bois; de recordar algum fantástico pôr-do-sol a afundar-se numa imensa e esplendorosa mancha vermelha e amarela, cores que pareciam entrar dentro de mim de tão vibrantes.
 Também, sem qualquer razão, inopinadamente, lembrava-me de cenas fugazes mas que revia com nitidez: o levantar do voo de algumas perdizes quase debaixo dos meus pés, a corrida rápida de uma lebre assustada com a minha presença, uma cobra desovando e de imediato os ovos a se abrirem para deles saírem pequenas cobras, que logo ondulavam fugindo para as suas vidas, borboletas multicolores volteando perante os meus olhos como que a se exibirem, as formigas em seus carreiros carregando enormes pedaços de folhas para a horta dos seus formigueiros, um casal de pintassilgos a carregar pequenos ramos para construir cuidadosamente o seu ninho, ou mais tarde o pai a trazer minhocas para colocar na boca dos filhotes de bico aberto e ávido.
 Os meus olhos com frequência inundavam-se do vermelho das papoulas atrevidas ou do verde das alfaces, do castanho das terras recém-lavradas, das searas de trigo puro ouro, do rosado das peras e do vermelho vivo das cerejas, do roxo das amoras silvestres, como do azul do céu cambiante consoante as horas e até do prateado do luar a pintar árvores e caminhos estreitos.
 Tudo isto estava entranhado em mim, no fundo do meu cérebro ou do meu coração, guardados como num disco rígido que involuntariamente surgiam no ecrã da minha saudade, uma viagem à minha infância. Adorava esses momentos que usufruí ao longo da vida. Agora imaginava revê-los e corria o possível por aquela estrada.
Claro, estes flashs, que nem sei como e porque acontecem, também eram, e são, de paisagens visitadas, quadros de algum museu, rostos de pessoas com quem conversei e habituais ou que apenas vi de relance e me impressionaram, momentos de amor e intimidade, situações chocantes que tenha visto ou nas quais tenho participado, de ninharias e de momentos importantes, que a minha retina fotografou e o meu cérebro arquivou.
 Já estava há bastantes quilómetros correndo pela estrada nacional quando um raio atravessou fulminantemente a minha mente e interrompeu o meu doce sonho de chegar rapidamente a Cabeda. Nesse momento ouvi aquela voz que conheço tão bem, apesar de não saber se é do meu anjo da guarda, do meu alter-ego, de algum familiar no Além ou, simplesmente, da metade  racional, do meu cérebro. Certo é que, desta vez, a voz ressoava furiosa. Parei com dificuldade na berma da estrada (que nessa época era um luxo no que generosamente chamavam de estradas) e ouvi gritar:
“Mário, tu és parvo? Cretino? Ingénuo? Vais à procura de quê? De Cabeda? Qual Cabeda? Aquela onde há mais de três décadas percorrias os campos com a tua cadela Lisboa no teu encalço? És tonto! Achas que isso ainda existe como era? Não percebes que essa Cabeda só existiu, e só existe, na tua cabeça e no teu coração? Não te dás conta do quanto sublimaste essas recordações dessa quinta? O que vais fazer? Dás-te conta que vais destruir as mais belas imagens e recordações do tempo em que eras menino, um menino sonhador e contemplativo? Saberás ou não que quando cavalgavas o Ginga, ou  te deitavas nas colinas de papo para o ar a apreciar o voo dos milhafres, ou ainda quando colhias as melhores e mais doces frutas da tua recordação, esses foram os mais genuinamente felizes momentos da tua vida? Nem as maravilhosas frutas brasileiras, nem as impressionantes paisagens do Canadá e do Brasil ganham, para ti, na comparação. E, contudo, delas também usufruíste bem.”
 Estava parado e sentado no banco do condutor, esmagado por aquele discurso. Saí do carro e olhei em volta. Umas terras não cultivadas, algumas casitas pobres, mal conservadas, muita tralha em volta. Num cercado quatro cabritas olhavam-me como que a troçar de mim. Estavam magras e o pasto era ralo. Uma velha vestida de preto saiu de uma das casas e espalhou algum milho para as galinhas que por ali ciscavam. Quando estas se aproximaram para comer o milho, a velha, com uma agilidade surpreendente, apanhou uma das frangas pelo pescoço e entrou em casa com a bichinha a espernear. Imaginei-a depenada a ferver na panela fumegante, enquanto a velha sorria antecipando o seu filho à mesa.
 Uma fumaça escura chamou a minha atenção para mais longe. Uma fábrica, de quê?, pintada de vermelho escuro, hostil, era a razão. Não muito distantes da fábrica, vários armazéns alinhados faziam supor capoeiras para galinhas poedeiras.
 Não eram campos bonitos, não uma paisagem de postal. A estrada tirara-lhe a imagem singela e a beleza. Agora aquelas terras, por ventura outrora verdejantes, inspiravam apenas amargura e tristeza. Até as árvores que ladeavam a estrada (eu lembrava-me tão bem da sua imponência, sombra e beleza), agora estavam pintadas de branco e com cartazes toscamente  escritos à mão a tinta vermelha pregados nos troncos, a anunciar qualquer coisa. Nalgumas percebi cartazes de touradas em Torres Vedras.
 Perguntei-me apreensivo: “Será que Cabeda também se encheu de casas tristes, galinheiros imensos, fábricas fumarentas? Estarão as suas terras  ao abandono? Talvez nos seus vastos campos o trigo já não ondule dourado? Quem sabe se a horta, agora não trabalhada, foi invadida pelas ervas daninhas? E se cultivam trigo, é debulhado na eira ou naquela máquina infernal? Os carros de bois ainda chiam dolentemente pelos caminhos ladeados de silvas, ou agora são camionetas velhas e ruidosas a correr por eles? Quem trabalha na quinta, permanentemente os habitantes da aldeia ou uns quantos guineenses contratados para tarefas ocasionais, a dormir em tendas improvisadas? E as moças ainda vestem roupas garridas, e entoam canções maliciosas, ou foram trabalhar paras as fábricas do Barreiro?”
 Estas perguntas que me fazia, as imagens que me assaltavam e que via com nitidez, acabaram por me deprimir e acabrunhar.
 Um jeep da GNR parou ao meu lado e inquiriu se o meu carro estava avariado. Não era para ajudar, era evidente a desconfiança e o autoritarismo. A auréola fascista era mais brilhante do que os botões dos seus uniformes.
  Respondi: “Não, sargento, combinei com um amigo encontrar-me aqui com ele, para irmos almoçar em Torres, mas ele não apareceu. Vou-me embora!” “Oiça, não sou sargento, sou tenente, não vê as minhas divisas? É brasileiro?” “Senhor Capitão, estou a visitar o meu país, não entendo nada de patentes, desculpe. Se me dá licença, vou indo!” O Capitão, de tão espantado com a minha desfaçatez, não me impediu de entrar no carro e nem perguntou pela minha carta de condução. Na realidade eu tinha comigo nada menos do que três cartas (do Brasil, do Canadá e da Venezuela), mas não sabia bem se me habilitavam a conduzir aqui.
 Entrei no carro e decididamente segui em frente. Pelo retrovisor vejo que o tal Tenente apontava a chapa do carro. Estranhei que um Tenente se ocupasse destas tarefas de perseguição aos condutores, mas ainda iria ver muito mais para estranhar. Mais adiante parei num café na expetativa da chegada da GNR… que passou acelerada. Quando eles se afastaram entrei no carro, manobrei de volta para Lisboa, pensando almoçar com os meus irmãos um bacalhau com grão.
 Os meus irmãos admiraram-se por ter voltado tão rápido. “Então, não foste a Cabeda, não achaste o caminho?”, perguntaram. Com algum mau humor, respondi: “Não, não fui, e nunca irei, e nem quero falar mais da quinta.”
 E não voltei. Cabeda ainda é para mim, passados que são setenta e cinco anos, o meu shangri-lá. No Brasil tive uma bela fazenda, não sei quantas vezes maior do que a quinta do meu tio. Ao voltar a viver em Portugal, comprei um moinho em ruínas (é o que aparece com outros dois nas pinturas da Batalha do Vimieiro), recuperei-o a preceito, plantei um maravilhoso jardim (mas eram apenas dois mil metros quadrados).
   Quanto de Cabeda no moinho ou na fazenda? Os grilos, os coelhos bravos, o arrulhar das rolinhas, o trovão frente a frente, o cheiro da terra depois das chuvadas, os voos parabólicos das andorinhas? A alegria de ver as árvores a cobrirem-se de folhas, mais tarde de flores e por fim de frutos, ou de ver nos canteiros, onde pouco antes lançámos sementes,  surgirem plantinhas verde-claro e triunfantes? Colher frutas em árvores que antes plantámos esperançosamente, ou apanhar uma rosa no nosso jardim para entregá-la à mulher que amamos?
 Sim, algumas semelhanças. Foi bom? Foi ótimo! A fazenda não era suficientemente lucrativa para os meus gastos. Deixei-a sem a cultivar, ainda é minha, não a visito há décadas, o meu filho cria lá cavalos de trote. O moinho foi uma maravilha durantes dez anos. Depois de alguns roubos e assaltos, vendi-o. Tive pena? Sim! Ponto final.
 Há um poema de Manuel Bandeira que diz: “Vou-me embora para Pasárgada/Lá sou amigo do rei/ Lá terei a mulher que eu quero/Na cama que escolherei/Vou-me embora para Pasárgada.”
 Talvez esteja na hora de eu cantar: “Vou-me embora para o meu sonho/Lá tenho a minha cadela Lisboa/Vou fartar-me de rir à toa/ Vou-me embora para o meu sonho/Lá cavalgarei o burro Ginga/Vou-me embora para o meu sonho!”
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